Pesquisa do CEFET-MG descobre larvicida que pode ajudar no combate ao mosquito da dengue

Os estudantes Gabriel Batista, Bárbara Freitas e a professora Rosiane Leite durante a Febrace 2014. Créditos: Rosiane Leite/Arquivo Pessoal.

Por Júnia Teixeira/Agência Pixel CEFET-MG

Uma pesquisa desenvolvida no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) descobriu um extrato na espécie Miconia sp., que teve alta eficiência como larvicida contra o Aedes aegypti. O projeto é desenvolvido na Coordenação de Ciências da instituição pela professora e bióloga Rosiane Leite, que orienta estudantes da educação profissional dentro do programa de iniciação à pesquisa BIC-Jr.

No início deste ano, o projeto foi selecionado entre milhares de projetos no país para participar da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que ocorreu no mês de março, e acabou sendo premiado com a quarta colocação entre 40 projetos da área de Biologia.

A descoberta se deu após serem testados os efeitos larvicidas de três espécies do gênero Miconia(gênero botânico pertencente à família Melastomataceae), Miconia macrothyrsa, Miconia ibaguensis, e Miconia sp., contra as larvas do Aedes aegypti.

De acordo com Rosiane Leite, existem mais de mil espécies desse gênero. “São espécies importantes para os ecossistemas, sendo consideradas pelos ecólogos como espécie-chave, pois sustentam a ornitofauna (fauna referente às aves), já que cada espécie produz fruto em uma determinada época do ano”, explica. A ideia do projeto, segunda ela, surgiu depoisde alguns estudos que fez das espécies do gênero Miconia em seu mestrado. “Vi que já existia na literatura indicativos de substâncias que são larvicidas efetivos, porém ninguém nunca havia testado estas plantas para este fim, somente sua ação contra protozoários”, disse.

Miconia sp. desidratada antes do processo de extração do extrato. Créditos: Rosiane Leite/Arquivo Pessoal.

Após várias tentativas, os estudantes encontraram um extrato bem sucedido no efeito larvicida contra o Aedes aeqypti, mas se depararam com a dificuldade de adquirir as larvas. Com isso, uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entrou em cena. “Fizemos alguns extratos, porém quando fomos testá-los não conseguimos o número de larvas necessárias. Ainda assim, testamos o quanto foi possível e, entre os testes realizados, encontramos um extrato que teve alta eficiência, a espécie Miconia sp..”, lembra Rosiane Leite. Ela disse que a parceria com a Fiocruz se deu em 2013, durante a apresentação da Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações (Meta). “O professor Fabiano Duarte Carvalho, da Fiocruz, visitou o stand para conhecer o nosso trabalho. Quando disse a ele que a nossa maior dificuldade foi conseguir as larvas no mesmo estágio, ele nos propôs uma parceria”, comemorou. Além de treinamento, a Fiocruz fornecerá os ovos do mosquito. Alunos pesquisadores do projeto ainda farão um estágio voluntário na insituição, através do qual repetirão os ensaios com os extratos larvicidas. Com os resultados da parceria, a professora e bióloga disse que há grande chance de publicação de artigo em uma revista de alto impacto com um trabalho desenvolvido com estudantes da educação tecnológica.

Processo de extração do extrato da Miconia sp. Créditos: Rosiane Leite/Arquivo Pessoal.

Extrato da Miconia sp. Créditos: Rosiane Leite/Arquivo Pessoal.

O projeto de pesquisa sobre extratos do gênero Miconia nasceu em 2012, mas somente em 2013 foi para o papel e subsequente execução. O material vegetal coletado é proveniente das proximidades do município de Curvelo. Parte das vidrarias utilizadas foram adquiridas com recursos próprios da professora, as quais complementam equipamentos do Cefet-MG. William Teixeira foi o primeiro estudante pesquisador a fazer parte do projeto. Hoje o projeto conta com a participação dos alunos Bárbara Freitas e Gabriel Batista.