Admirável Mundo Novo: Até onde a ciência pode nos levar?

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“Comunidade, Identidade, Estabilidade.” Grandes palavras. Se pudéssemos bukanovskizar indefinidamente todo o problema estaria resolvido[…] Milhões de gêmeos idênticos. O princípio da produção em série aplicado em fim à biologia.

por Laura Nolasco/Agência Pixel

Escrito em 1932, Admirável mundo novo nos apresenta uma nova realidade criada pelo escritor inglês Aldous Huxley. Nessa realidade, os humanos são produzidos em série através de um processo cientifico chamado Bukanovskização, predestinados e pré-condicionados a uma casta da sociedade, onde a mais alta e a mais baixa são Alfa e Ípsilon, respectivamente. Nesse novo mundo, ser descendente de vivíparos é motivo de vergonha e o apego emocional é anormal e até mesmo um crime.

Pensamentos e sentimentos exacerbados são curados pela única droga permitida, que é distribuída regularmente – o Soma. “Todos os benefícios do álcool e do cristianismo, nenhum de seus inconvenientes”. Todos os valores morais conhecidos pela nossa sociedade atual são invertidos. A mentalidade é totalmente capitalista e graças à ciência, a aparência de todos é sempre jovem e bela. As doenças não existem mais. A humanidade, de humana já não tem quase nada.

Em meio a essa sociedade, vive Bernard Marx, um Alfa-Mais (casta superior) que sofre de um terrível mal – solidão. O único em quem ele confia é Helmholtz Watson, jornalista que se sente inútil por escrever apenas sobre o que é permitido. Em uma viagem de férias, Bernard visita uma reserva de Selvagens – um dos poucos lugares do mundo onde as pessoas ainda tem filhos, religião, não são condicionadas e não conhecem o Soma – e lá encontra John, um Selvagem filho de pessoas civilizadas, e pergunta-o sobre sua história. John conta que seus pais, assim como Bernard, tinham ido passar as férias na reserva e, nessa viagem, sua mãe Linda engravida. Com vergonha de voltar à civilização gravida, Linda fica na reserva com o filho e cria-o com os selvagens, mas ambos sofrem preconceito por terem valores morais e aparência muito diferentes dos selvagens.

Diante disso, Bernard resolve levar John para a civilização, mas isso pode causar mais questionamentos do que o que era esperado.

Na civilização, John vira o centro das atenções e graças a isso Bernard ganha fama e acaba se “curando” do seu mal (solidão), mas isso atrapalha sua relação com Watson. Já John tem grandes dificuldades de se adaptar ao mundo civilizado pois devido à convivência com os selvagens, tem valores morais bem próximos aos da nossa sociedade atual. John começa a questionar o porquê de tanta valorização da estabilidade e da felicidade geral, a ponto de passar por cima da humanidade.

Vale mesmo a pena abrir mão da paixão, da poesia, dos sentimentos, da liberdade e, quem diria, até mesmo da própria ciência em nome da felicidade?

Admirável mundo novo levanta com sua história questionamentos extremamente sérios e atuais: A ciência trás, sem sombras de dúvidas, muitos benefícios a todos nós. Mas será que estamos realmente muito longe dessa realidade? Até onde a ciência pode nos levar?

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